sábado, 9 de maio de 2009

Minhas duas Monteiro Lobato



Tive em minha vida duas Monteiro Lobato.
Primeira Monteiro Lobato. Minha tia Nadir Peres que quando eu tinha 10 anos me presenteou com um livro intitulado O cachorrinho Samba na floresta. Aquele livro me despertou para outras leituras inclusive para as obra do próprio Mestre Bento Lobato como Os 12 trabalhos de Hércules e Dom Quixote das crianças. Nadir Neves da Costa Peres nasceu em 30 de setembro de 1930 na Praia do Pesqueiro na Ilha do Marajó, cursou a Escola Normal no atual Instituto de Educação do Pará, IEP e em vários anos lecionou para diversas séries. Posteriormente graduou-se na área de enfermagem tendo colaborado fundamentalmente para o atendimento de enfermos com sequelas de Hanseníase na então Colônia de Marituba, hoje município independente. Trabalhou no Hospital Barros Barreto e atualmente encontra-se aposentada e permanece a dedicação na colaboração com as pessoas no incentivo à busca do conhecimento e da leitura.
Segunda Monteiro Lobato. A própria autora do livro, Maria José Dupré que nasceu em 1898 em Ribeirão Claro no atual Estado do Paraná e que teve grandes contribuições para teledramaturgia brasileira em Éramos Seis como também para a produção literária de grande escala tendo publicado Meninas tristes naquele que viria a ser o segundo maior jornal em tiragem da América Latina, O Estado de São Paulo. Dupré diplomou-se pela Escola Normal Caetano de Campos, na capital paulista, exercendo, por algum tempo, o magistério.
Embora o volume A Montanha Encantada (lançado originalmente em 1945) faça parte da coleção "Cachorrinho Samba", é no livro A mina de ouro, de 1946, que vai surgir o cachorrinho Samba. Depois ele ganha o status de personagem a partir do livro lançado em 1949, O Cachorrinho Samba, e continua suas aventuras em O Cachorrinho Samba na Floresta (1952) e O Cachorrinho Samba na Fazenda (1967).
Fora a atividade infanto-juvenil da escritora, o grande sucesso de Maria José Dupré junto ao grande público foi a obra Éramos Seis, que serviu de roteiro para um filme e duas telenovelas - na antiga TV Tupi, nos anos de 1970, e no SBT, na década de 1990. Prefaciada por Monteiro Lobato, Éramos Seis mereceu o seguinte comentário do autor mais significativo da história da literatura infanto-juvenil brasileira: "Tudo fica vida, só vida, em seu extraordinário romance".
A escritora paulista Maria José Dupré faleceu em São Paulo, em 15 de maio de 1984.

Um comentário:

  1. Olá Elvys!
    Os livros da infância nos fazem reviver boas passagens, imagine o sentimento de rever a capa igualzinha dos idos... Trabalhei com professores relembrando suas antigas cartilhas, as emoções fizeram a eles reviver, re-olhar-se, mas, sobretudo viajar "nas nuvens de algodão" e quem sabe depois correr atrás do "alegre arco-íris"... A infância nos torna mais humanos - demasiados humanos! Como nos legou Nietzsche, que sacode a humanidade e faz aparecer o espírito livre - capaz de “transcender-se”.
    Imagino o quanto de emoção revivestes com suas Monteiro Lobato de saia.

    ResponderExcluir